Riscos de venda da Embraer são expostos em audiência pública no Supremo Tribunal Federal
O diretor do Sindicato Herbert Claros participou, nesta sexta-feira (28), de audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), para debater a transferência de controle acionário de empresas estatais.
Herbert apresentou os riscos que poderão ocorrer se a Embraer for adquirida pela Boeing. Como trabalhador da empresa, ele destacou que, ao longo de 49 anos, a Embraer resistiu como única fabricante de aviões do Hemisfério Sul e que não é verdadeiro o argumento de que a venda para Boeing seja essencial para que a empresa brasileira consiga sobreviver.
O diretor do Sindicato lembrou que, em entrevista ao jornal americano Seattle Times, o presidente da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, afirmou que a atividade da empresa poderá se restringir à fabricação de trens de pouso e interiores de aeronaves. A atividade utilizaria a mão de obra de apenas 500 trabalhadores, contra os 18 mil postos de trabalho existentes hoje.
Herbert defendeu que a eventual fusão entre Boeing e Embraer seja discutida no Congresso Nacional, tendo em vista a relevância da empresa para a indústria nacional.
O advogado do Sindicato Aristeu Neto também participou da audiência. Ele enfatizou que a Embraer foi privatizada em 1994 por R$ 154 milhões, o equivalente hoje ao preço de uma aeronave de médio porte. Neto criticou as demissões já realizadas pela empresa e que poderão se acentuar caso a Embraer seja vendida para a americana Boeing.
O advogado destacou ainda os casos de corrupção em que a Embraer se envolveu para fechar contratos com governos da República Dominicana, Índia, Moçambique e Arábia Saudita. Com isso, Neto mostrou que privatizar não resolve problemas como corrupção ou má-gestão, geralmente usados para justificar privatizações.
O professor, engenheiro aeronáutico e aviador Wagner Farias da Rocha afirmou que a transferência de controle da Embraer para a Boeing está sendo apresentada ao público de forma irregular. Ele alertou que se a transferência ocorrer dessa forma, o Brasil vai perder a capacidade de projetar aviões e voltará ao estágio tecnológico que tinha na década de 1950.
“Esse ponto de vista estou apresentando por dever de consciência, como cidadão brasileiro, sem nenhum vínculo com qualquer organização pública ou privada”, afirmou o professor. Para Rocha, é preciso que, nesse processo, não se repita o “complexo de vira-lata” brasileiro, segundo o qual tudo o que vem de fora é melhor.
Informações: Sindmetalsjc